terça-feira, 10 de maio de 2011

PHILIP K. DICK VOLTA À CENA COM LIVRO E UMA SÉRIE DE PRODUÇÕES BASEADAS EM SUAS HISTÓRIAS

Divulgação / Philip K. Dick Trust
Você pode até não saber quem é Philip K. Dick, mas com certeza você já ouviu falar de pelo menos um dos filmes baseados no que ele escreveu. Afinal de contas, a obra do escritor americano gerou adaptações milionárias para a telona, como Blade runner: o caçador de androides,Minority report: a nova lei e O homem duplo, todos com grandes nomes como atores principais e excelentes diretores por trás das câmeras.
E vem aí mais uma avalanche de filmes inspirados em suas obras. O diretor francês Michel Gondry (O besouro verde) está adaptando para o cinema o livro Ubik, considerado pela revista Time um dos 100 melhores romances em língua inglesa – mostra o planejamento que pessoas mortas fazem de suas próximas vidas. O diretor Ridley Scott, que dirigiu Blade runner, está produzindo série baseada no mundo em que os nazistas venceram a Segunda Guerra, tema do livro O homem do castelo alto. E o longa Os agentes do destino, com Matt Damon, adaptado do conto “Adjustment time”, tem estreia prevista para este mês no Brasil.
Outra boa notícia é que, depois de um tempo sumido das prateleiras, Philip K. Dick volta a ser encontrado com facilidade nas livrarias. O lançamento mais recente do autor no Brasil é Os três estigmas de Palmer Eldritch, publicado pela Editora Aleph e escrito originalmente em 1964. No livro, Philip K. Dick mescla religião, colonização de outros planetas e um tema extremamente atual: o aquecimento global, que leva as pessoas a usarem aparelhos de ar-condicionado portáteis e a passar férias na Antártida para fugir do calor. Qualquer semelhança com o noticiário cada vez mais alarmante com o clima pode não ser mera coincidência. A obra se junta a outras publicações recentes do autor no país, como O caçador de androides, que baseou o hoje clássico Blade runner, e O homem do castelo alto, que mostra uma distopia em que os nazistas venceram a Segunda Guerra.
Nem sempre foi assim. Depois dos anos 1980, quando teve inúmeros livros publicados no país e edições importadas de Portugal ajudavam a disseminar as obras, o autor praticamente desapareceu das livrarias, com exceção de uma ou outra publicação pontual, baseada na adaptação de algum livro para o cinema. Só a partir de 2006, com a publicação de O homem do castelo alto, ele passou a merecer uma atenção melhor tanto do mercado quanto dos leitores.
Temas atuais
Marcos Fernando de Barros Lima, produtor editorial da Editora Aleph, uma das responsáveis pelo retorno do autor às prateleiras, afirma que, “sendo Philip K. Dick um dos autores mais renomados da área de ficção científica, ele faz parte da proposta da editora de resgatar os clássicos desse ramo da literatura, que merece mais atenção e destaque”. Segundo ele, os livros estão vendendo bem. Para o produtor, as obras do escritor americano voltaram a interessar o público pelo fato de tratarem de temas que estão em discussão hoje em dia, mesmo tendo sido escritas há mais de 40 anos.
“Philip K. Dick tem potencial suficiente para atingir diversos tipos de leitores. Em seus livros, trata de temas muito atuais, como aquecimento global, drogas e aborda questões filosóficas, espirituais e tecnológicas”, explica. De fato, esta mistura entre tecnologia e misticismo é marcante na obra de Philip K. Dick. Um dos precursores do gênero cyberpunk, ele passou cada vez mais a incrementar o cenário hi-tech de seus livros com abordagem sobre abusos de drogas, parapsicologia, sem falar em questionamentos religiosos, baseados principalmente nas próprias experiências no assunto. Em 1974, passou por momento de delírio. Acreditava ter vida dupla, como escritor no século 20 e cristão perseguido pelos romanos no século 1. A experiência, claro, marcou seu trabalho, principalmente nos escritos no fim da vida, como Valis.
Para este ano, não há mais lançamentos previstos, mas isso não é necessariamente uma notícia ruim. Além de os livros do autor seguirem no prelo para novas traduções, dá tempo de quem se interessar pelo estranho universo de Philip K. Dick se inteirar do assunto. Afinal, é sempre bom saber como vai ser o mundo quando a temperatura média bater os 50 graus.
Para começar a ler
A bibliografia de Philip K. Dick é vasta. São 36 romances e centenas de contos que o autor produziu entre 1950 e 1982. Muito pouco do que ele publicou chegou a ser traduzido no Brasil e os livros encontrados com maior facilidade são os publicados pelas editoras Aleph e Rocco, que dividem os direitos do autor no país. Duas boas portas de entrada para o mundo de Dick são O caçador de androides e O homem do castelo alto.
Se o leitor tiver disposição de explorar sebos, as opções de leitura ficam mais diversificadas. As edições portuguesas da Editora Europa-América e os livros publicados nos anos 1980 pelas editoras Melhoramentos e Brasiliense, como O labirinto da morte e Os clãs da lua Alfa, podem ser encontrados com facilidade pelas estantes, apesar de estarem esgotados há vários anos.
Livros de Philip K. Dick no Brasil
Pela Editora Aleph
O homem do castelo alto (304 páginas, R$ 44)
Os três estigmas de Palmer Eldricht (248 páginas, R$ 42)
Ubik (238 páginas, R$ 42)
Valis (304 páginas, R$ 44)
Pela Editora Rocco
O caçador de androides (256 páginas, R$ 36)
O homem duplo (308 páginas, R$ 38,50)
Vozes da rua (432 páginas, R$ 58,50)
Inspiração do cinema
Sem dúvidas, o filme mais famoso baseado em uma obra de Philip K. Dick é Blade runner: o caçador de androides. O trabalho foi o primeiro a ser adaptado, em 1982, pelo diretor Ridley Scott. Com Harrison Ford no papel de Deckart, um policial cujo trabalho é perseguir os replicantes, robôs que são idênticos aos humanos, mas estão fora da lei. O visual impressionante da Los Angeles futurista, onde não há animais de carne e osso e a vida está se extinguindo, juntamente com a trilha criada por Vangelis, ajudou a catapultar o filme para o status de cult. Philip K. Dick em pessoa chegou a visitar o set de filmagens e aprovar tudo que estava sendo feito, antes de morrer de um AVC, seis meses antes do lançamento do filme.
Além do clássico, vários outros filmes alcançaram sucesso razoável e contaram com grandes estrelas em papéis principais e por trás das câmeras. O vingador do futuro (1990) traz no elenco Sharon Stone e Arnold Schwarzenegger, que interpreta um homem que vai até Marte em busca de respostas para suas memórias implantadas. Minority report (2002) foi dirigido por Steven Spielberg e tem Tom Cruise no papel do policial que precisa proteger uma paranormal que prevê crimes.
Já O homem duplo, de 2006, conta com Richard Linklater (Waking lifeEscola do rock), além de uma trinca de atores de fazer inveja. Keanu Reeves tem o papel principal, um detetive que se infiltra em um grupo de viciados na droga Substância D para descobrir quem a produz. Winona Ryder faz a namorada do policial e Robert Downey Jr. é um dos dependentes químicos. Para quem ficou com vontade de ver: todos estão disponíveis em DVD e podem ser facilmente encontrados até em grandes lojas de departamento.

Filmografia
. Blade runner: o caçador de androides, de 1982. Dirigido por Ridley Scott, com Harrison Ford. Baseado no livro Caçador de androides
. O vingador do futuro, de 1990. Dirigido por Paul Verhoeven, com Arnold Schwarzenegger e Sharon Stone. Baseado no conto “Podemos recordar para você, por um preço razoável”
. Confissões de um louco, de 1992. Dirigido por Jérôme Boivin. Baseado no livro Confessions of a crap artist
. Screamers: assassinos cibernéticos, de 1995. Dirigido por Christian Duguay. Baseado no conto “Second Variety”
. O impostor, de 2002. Dirigido por Gary Fleder. Baseado no conto “Impostor”
. Minority report: a nova lei, de 2002. Dirigido por Steven Spielberg, com Tom Cruise. Baseado no conto “The Minority report”
. O pagamento, de 2003. Dirigido por John Woo, baseado na história “Paycheck”
. O homem duplo, de 2006. Dirigido por Richard Linklater, com Keanu Reeves, Winona Ryder e Robert Downey Jr. Baseado no livro O homem duplo
. O vidente, de 2007. Dirigido por Lee Tamahori, baseado no conto “The Golden Man”
 
>> UAI – por João Renato Faria


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